Apresentação resultados do questionário “A Cultura e Arruda dos Vinhos” do Curt’Arruda
Boa tarde a to@s
Como me deram pouco tempo vou cortar nos agradecimentos e nas Introduções institucionais.
Estamos aqui para ouvir divulgar os resultados do questionário “A Cultura e Arruda dos Vinhos”. Resultado do contributo de 434 pessoas. Para partilhar opiniões e contribuir para o crescimento da Cultura em Arruda! A iniciativa é do Curt’Arruda. Um marco cultural no nosso concelho. Para já, parabéns pela iniciativa. Refletir é importante. Apurar fundamental. Perceber práticas culturais e atualizá-las com base nessas informações recentes. Chega de boas intenções. De estilo sem substância.
Mais do que um discurso político que pode eventualmente correr o risco de encerrar palavras com pouco eco que soam à maior parte dos ouvidos como ocas gostaria, antes, de deixar algumas notas para reflexão. Primeiro: descentralização. Descentralizar (ou será criar novos centros?) é preciso urgente e fundamental num território como o nosso. Mas, ela tem desafios. A formatação de públicos para um determinado tipo de oferta cultural conta com gerações. Mudar é preciso! A falta de sinergias produzidas pela capacidade de trabalhar colaborativamente sente-se. Evoluir para um modelo mais colaborativo e de partilha é imprescindível. Se é preciso descentralização ela é muitas vezes arriscada e a tentação de se ficar pela sede de concelho grande. Das exigências, às complexidades responder com um “perdem mais do que ganham” é muito tentadora.
Em segundo lugar a pergunta que vi anunciada: Há mais espaço para cultura em Arruda?
Uma nota sobre ela… A pergunta é à partida interessante. Mas, pode ser tautológica. Arrisca-se a comprometer a necessidade de resposta. Intuitivamente a resposta será sempre: sim. Pelo menos para os que precisam dela. Para os que a consomem. Para os que gostam de a ter perto de si. Para os que desejam oferece-la ao máximo de pessoas possível. A cultura, claro, terá sempre espaço para os que a entendem como nevrálgica.
É sempre bem-vindo quem vem por bem, diz-se popularmente.
No entanto, não é só na religião que existem epifanias. Quem lida com a cultura tem autênticos momentos de: I Have a Dream. Anunciando um dia novo e proclamando o fim das noites más, ou seja, a penúria cultural.
O que deve ser perguntado, desculpem a franqueza e ousadia é qual o contributo dos que fazem a pergunta. O que deve ser perguntado é o que trazem de novo? Como vão integrar a nova programação na pré-existente. Como vão pagar?
Estimular a sociedade civil impõe-se.
Ela estar disponível para ser agregadora imprescindível. Uma sociedade civil empenhada será sempre uma mais-valia. Uma sociedade civil exclusivamente dedicada a uma agenda própria exclusivista um problema.
Enterrar o machado de guerra da desconfiança e do egoísmo proactivo é fundamental.
Mais cultura será sempre um objetivo a perseguir por todos. Dito isto para conseguirmos atingir essa meta todas as ajudas são insuficientes. No entanto, trabalhar colaborativamente deve ser desejável. Agendas coletivas que se sobrepõem às individuais. Partilhar, agregar, integrar são verbos a conjugar preferencialmente.
A política do apontar o que não está feito e desvalorizar e desconsiderar o que foi feito deve ter os dias contados. Escutar. Perceber as novas realidades. Encontrar respostas para as novas práticas é algo sempre a ter em conta.
Programar para si é e será sempre diferente de programar para os outros. Integrar ruralidade, urbanidade, educação, cultura e pensamento fora da caixa é uma fórmula a considerar.
Os recursos são sempre poucos. Os públicos uma preocupação. O número de infraestruturas disponíveis um desafio. As características identitárias e geográficas do território algo sempre a ter em conta.
A evitar? Sempre um empreendedorismo desorçamentado que deixa as contas para os municípios pagarem.
Pelo bem de todos.
Para discussão fica a atitude, à boa maneira de Kennedy, quando comentou não penses e não questiones o que é que o teu país tem para te oferecer mas, antes, o que é que tu podes dar ao teu país. Ou seja, não reflitas sobre o que podes pedir e ter do teu conselho e município antes o que podes oferecer com o teu trabalho e com a tua colaboração. E acima de tudo não lhe remetas envelopes fechados para ele entregar em teu nome.
Devemos inverter a irredutibilidade do “eu quero” e troca-la pela política do interesse coletivo. Em nome de todos. Fazendo isso haverá sempre lugar para todos. Porque a cultura nunca é demais. E deve chegar a todo lado. E para isso todas as ajudas são importantes. Cada um a fazer a sua parte. Todas contam.
Políticas culturais sem entendimento e envolvimento comunitário não devem ser o caminho. Decisões políticas unilaterais produzidas em gabinetes à porta fechada não são solução.
Por outro lado, a cultura não pode e não deve estar entregue aqueles que na primeira oportunidade despem a camisola que escolheram usar trocando-a por outra de sua conveniência exclusiva.
Nem discursos sobre a mesma coisa que se sobrepõem.
Água a correr nas torneiras é tão importante como uma política cultural digna. Mas a maneira como se faz isso acontecer é diferente. E ambas são prioritárias e exigem investimento. Para muitos Tom Waits será sempre alguém que canta mal. Para outros tantos, onde me incluo, um dos maiores génios. É assim na cultura. Discutível. Sempre uma prioridade.
Discurso motivacional do género fazer mais com menos, também, não basta.
Sim, há espaço para mais cultura em Arruda dos Vinhos. Só falta acertar como é que isso é feito. Pormenores. E a política, também, está nos pormenores. Vamos pensar nisso. Ao trabalho. Os arrudenses merecem.
Em nome do município muito obrigado pela disponibilidade. Gratidão pelo interesse. Muito brigado pelo convite para estar aqui hoje.