Folha sala Exposição “A invenção do momento” de João Silva
A exposição “A invenção do momento”, de João Silva, mais não é do que uma saudação à alvorada, como o poema do poeta indiano Kalidasa, como o próprio autor reconhece. Por isso dizer que é uma oportunidade para confirmar que a arte tem uma capacidade transformadora única, sendo uma ferramenta terapêutica poderosa é pouco.
Que ela possibilita a expressão de emoções profundas, promove a autoconsciência e pode servir como uma forma de comunicação não-verbal, permitindo aos indivíduos explorar questões emocionais e psicológicas de maneira única e criativa, também.
Na verdade, a criação artística oferece, sem dúvida, um espaço seguro, catártico, para processar experiências difíceis, promove a autoestima e a resiliência emocional, além de estimular a imaginação e a busca por significado pessoal.
A sua relevância passa por possibilitar a minimização da exigência e constatação de que “Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fossemos de ferro”, como afirma Freud.
O “momento” (e particularmente a sua invenção) é um conceito fascinante que pode referir-se à captura de um instante único e poderoso, uma representação específica do tempo, ou até mesmo o contexto histórico, íntimo e/ou emocional. Muitas vezes, é esse “momento” que concede à arte a sua força impactante e duradoura, conectando-se de maneira profunda com o observador e com o artista.
Mais uma vez a Galeria Municipal é um ponto de encontro para troca e partilha de tocantes experiências artisticamente materializadas no caso de João Silva em “cores de terra e mar”. Numa autêntica saudação à alvorada. Destaca-se o momento e nele, como vaticina Kalidasa:
“A bênção do crescimento
A glória da acção,
O esplendor da realização”
e:
“o dia de HOJE “E os dias de amanhã numa visão de esperança” porque “o dia de ontem não é senão um sonho”. Comprove-o!